Não tenho estado muito feliz ultimamente. Alguns problemas e situações tem surgido nos últimos tempos, o que é comum na vida de todo mundo, mas sempre deixam a gente pra baixo. A morte de um colega de trabalho me deixou esgotada emocionalmente, e também fisicamente, já que tive que assumir duas de suas turma, e minha carga de trabalho aumentou. Entrar nas turmas deles três dias depois de seu falecimento foi dureza pra mim. Olhar para a carinha de seus alunos, esperando respostas sobre o que tinha acontecido me deixaram nervosa em sala de aula pela primeira vez. Ao longo da aula ri, brinquei, dei a matéria do dia, e fechei a minha manhã com a sensação de que alguma coisa estava faltando. Descobri mais tarde o que era: meu colega de trabalho. Me senti uma substituta rasa de seu trabalho. É bem verdade que não concordávamos com absolutamente nada. Eu o achava rígido, e ele me achava deveras flexível. E o achava tradicional, e ele me achava moderna demais. Travamos uma verdadeira batalha intelectual sobre a mudança os livros didáticos para o ano letivo de 2012, batalha essa hoje que percebo como sendo meio sem sentido, já que o livro é um dos instrumentos que utilizamos em sala de aula. Só tinha uma coisa que não nos fazia discutir: literatura. Como amante confessa que sou, sempre dava meus pitacos, indicando ou livro aqui e outro acolá para meus colegas, procurando sempre um livro que melhor se adequasse a determinado tema trabalhado por eles. Andei parando de fazer isso, porque nem sempre as pessoas entendem suas intenções. Acham que você quer aparecer, "cuspir conhecimento" ou "vomitar intelectualidade". Com meu colega eu não precisava ter esse receio. Ele sempre dizia os livros que tinha em casa, o que estava lendo, o que esperava ler nos próximos dias. Me perguntava se eu conhecia alguma obra de ficção interessante sobre a Segunda Guerra Mundial, Holocausto, ou a diáspora judia, temas que eu adoro estudar e que vivia enchendo a paciência dele. Depois que ele morreu, fiquei pensando: será que ele conseguiu ler tudo o que desejava? Será que conseguiu arrumar aquele tempo que ele tanto queria para se dedicar mais aos seus livros? Não sei. Espero que sim, apesar de não acreditar verdadeiramente nisso. A vida dos professores é tão corrida, que a gente não consegue ler tudo o que gostaria. Fico olhando a quantidade imensa de livros que tenho e me pergunto quando terei tempo para ler tudo isso. Cada dia que passa que trabalho mais, gasto mais, saio e leio menos. Isso me assusta. Tá certo que tenho estudado mais (não tanto quanto gostaria), e que não tenho tido tempo para ler, mas será que vou ficar igual a ele, deixando para mais tarde, prometendo que vou ler mais quando tiver tempo? Colocar a culpa no trabalho ou na falta de tempo é algo problemático. Todo mundo trabalha e tem 24 horas para administrar, então, não posso usar esse argumento. Sei que esse período pauleira, de "correr atrás" de algo melhor para a minha carreira é transitório, que um dia (assim espero) vai passar, mas mesmo assim, não é algo fácil de assimilar, principalmente para mim, que trata a leitura como água no deserto: que fica sem, acaba durando bem pouco.
Sabe aquela ânsia estranha que te acomete, que você não faz ideia de onde vem, mas que te acompanha o dia todo? No meu caso, são vários problemas acumulados, mas que são agravados pela falta que sinto dos livros. Essa sensação que estamos deixando estórias para trás, não dando a devida atenção que elas merecem. Ler resenhas sobre esses livros acalmam um pouco minha alma inquieta, me dando um certa sensação de alívio, pelo menos momentâneo. Lembro de um dos últimos momentos que tive com esse colega na sala dos professores, antes de voltarmos a labuta. Eu falava de como nossos alunos, de modo geral, ainda liam pouco; que era preciso rever nossos papéis como professores, e apoiar mais a leitura nas escolas e fora delas. Professor que bate no peito e diz "Eu detesto ler" dá um tiro no próprio pé quando diz isso. E ele, naquela calma e serenidade as quais eram próprias de sua personalidade, me disse:
"Se todos soubessem o benefício real que a leitura trás, correriam desenfreados rumo a primeira livraria".
"Como assim?" - Perguntou uma colega.
"Minha querida, LER FAZ BEM PARA ALMA! Precisa de algo mais?"
Não Mário, não precisa!
Elimar
Sabe aquela ânsia estranha que te acomete, que você não faz ideia de onde vem, mas que te acompanha o dia todo? No meu caso, são vários problemas acumulados, mas que são agravados pela falta que sinto dos livros. Essa sensação que estamos deixando estórias para trás, não dando a devida atenção que elas merecem. Ler resenhas sobre esses livros acalmam um pouco minha alma inquieta, me dando um certa sensação de alívio, pelo menos momentâneo. Lembro de um dos últimos momentos que tive com esse colega na sala dos professores, antes de voltarmos a labuta. Eu falava de como nossos alunos, de modo geral, ainda liam pouco; que era preciso rever nossos papéis como professores, e apoiar mais a leitura nas escolas e fora delas. Professor que bate no peito e diz "Eu detesto ler" dá um tiro no próprio pé quando diz isso. E ele, naquela calma e serenidade as quais eram próprias de sua personalidade, me disse:
"Se todos soubessem o benefício real que a leitura trás, correriam desenfreados rumo a primeira livraria".
"Como assim?" - Perguntou uma colega.
"Minha querida, LER FAZ BEM PARA ALMA! Precisa de algo mais?"
Não Mário, não precisa!
Elimar
Lindo e emocionante!
ResponderExcluirÉ uma pena que pessoas assim, cheias de conhecimentos e sabedoria tenham que partir!
Parabéns pelo excelente texto!
Simplesmente amei a crônica.
Beijos
Nossa, triste e emocionante, faz a gente pensar e refletir sobre a vida e realmente ler faz bem para alma!
ResponderExcluirBjs
www.daimaginacaoaescrita.com
Muita força para que vc continue os passos dele! Faça uma visita no meu http://descontracaofeminina.blogspot.com.br/ Beijos!
ResponderExcluirOi Eli!
ResponderExcluirPuxa que barra hein? A vida hoje tá difícil e a gnt tem que correr atrás mas ainda perder um amigo? Não tenho nem palavras pra comentar. Mas eu ti desejo forças pra seguir em frente...
Beijos
Amanda
leitura hot
Oi Elimar. Muita força pra você amiga. Se precisar de alguém pra te escutar sabe que estou a postos. A vida é uma caixinha de surpresas, e a gente nun ca sabe quanto tempo ainda tem para alcançar tudo que queremos, e as vezes em nossa correria deixamos que pequenos prazeres ou grandes como a leitura se percam de nós... Um grande abraço.
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