Voltei gente, dessa vez mais rápido do que o esperado! Falei que dessa vez ia!
Gélido - Tess Gerritsen
8° da série Rizzoli & Isles
Lançamento no Brasil: 2013
365 páginas
Editora Record
Sinopse:
Quando a médica-legista Maura Isles reencontra um antigo amigo de faculdade durante um congresso, parte em uma viagem com ele e seu grupo. Porém, um acidente com o carro em meio a uma nevasca os leva ao inóspito vilarejo de Kingdom Come, onde algo terrível parece ter ocorrido. Enquanto isso, a detetive Jane Rizzoli recebe a notícia do desaparecimento da amiga e decide investigar seu destino. Assim, enquanto tenta descobrir o que houve com Maura, embrenha-se em uma trama envolvendo uma misteriosa seita e segredos do passado.
Resenha:
Quando eu peguei o livro novo
(tinha sido lançado há poucas semanas quando li) da Tess Gerritsen, o 8°
lançado no Brasil da série Rizzoli & Isles, não sei bem o que esperava. Mas
com certeza não foi o que o livro me entregou. E isso não é uma crítica, é
apenas minha reação de fã que foi surpreendida.
Como boa fã que sou, louca pela
Tess e pela série, eu me comporto de forma diferente em relação a R&I. Eu
prefiro não saber, não quero spoilers e nem me preocupo em ler sinopse antes de
estar com o livro na mão. Afinal, é suspense. A graça é ir completamente às
cegas porque eu já sei do que a Tess é capaz. Já devo ter dito que dos autores atuais,
eu considero a Tess uma das melhores, ela entrega livros com qualidade, ótimos
personagens, surpreendentes, nada repetitivos e se mantém fiel ao seu estilo de
escrita.
A Record levou um tempo absurdo
para lançar essa sequencia. “Relíquias” (7°) já saiu há muito tempo e não foi
por falta de livro, porque lá fora a série está dois livros a frente.
Quando peguei o livro, estava
saindo de um período de seca. Fazia tempo que nada me entretinha o suficiente
para largar meus afazeres, a escrita e absolutamente tudo por um livro. Até que
Gélido caiu nas minhas mãos. (Caiu nada, entrei numa Saraiva e minha amiga
disse: Viu que Gélido já chegou? Você leu? E eu, louca e desesperada porque
tinha esquecido, comprei na hora e foi R$ 40,00, salgado né!). Comecei a ler no
ônibus. Eu gosto de dizer que sinto quando um livro me escraviza. Minha vida
parou. Não tinha compromisso, não tinha internet, não tinha meta de escrita pra
bater, nada. Felizmente comprei numa sexta e tive o final de semana pra ler.
Mas eu sentava na frente do PC pra fazer minhas tarefas e olhava pro livro, um
segundo depois ele estava na minha mão. Fui escravizada pela história.
Um dos motivos de ter ficado tão
ligada foi exatamente a autora não entregar o que eu e provavelmente 90% dos
leitores estávamos esperando. Eu estava com saudades dos personagens da série,
queria ler sobre a Rizzoli bancando a durona e prendendo mais um serial killer.
Queria saber como andava a Maura e seus problemas pessoais. Eis que, o livro
começa com uma pequena introdução que te deixa já meio chocada, esperando o
pior. E a Tess é mestre nisso, jamais esquecerei a intro de Desaparecidas (5°
livro da série). Depois, vamos direto para a vida da Maura.
Depois vieram os gritos.
– Desliga o motor! – berrou
Elaine, batendo em sua porta. – Ai, meu Deus, desliga!
Maura desligou imediatamente.
Os gritos vinham de Grace.
Lamentos agudos, penetrantes, que não pareciam humanos. Maura se virou para
olhá–la, mas não via porque a menina estava gritando. Grace estava parada à
beira da estrada, com as mãos comprimidas contra o rosto, as pálpebras
apertadas, como se tentasse desesperadamente bloquear algo da visão.
Maura abriu a porta e saltou do
jipe. Havia sangue espalhado sobre a brancura da neve em linhas vermelhas,
chocantes.
Vocês sabem que a Tess já foi
autora de romance, não é? Ela já escreveu uns 2 romances misturados com
suspense para a Harlequin e é comum você encontrar romances inexperados no meio
de sua história. Até hoje ela é assim. E ela é má. Nos entrega um romance sem
realmente entregar, mas escrevendo de um jeito profundo e tocante, aquele
estilo dramático seco, não gera lágrimas, você só se machuca tanto quanto o
personagem e sem parar de virar páginas. A Maura está numa dessas. O romance
dela com o Daniel Brophy (sim, o padre) não tem como dar certo. Nós sabemos
disso desde o 4° livro (acho que foi nesse que ele apareceu). Mas ao mesmo
tempo, Tess não tira completamente nossas esperanças. Angústia no seu modo mais
cruel.
Maura resolve fugir de sua vida,
vai para um congresso médico, encontra um amigo e ainda fugindo dela mesma,
embarca em uma aventura. Cara, o clima sinistro desprende do livro como uma
aura. Você sabe que vai dar merda. Sabe aqueles livros que parecem ter um clima
pregado neles, você abre o negócio sai. Quase como aqueles livros mágicos que
víamos em Harry Potter. Então, esse livro é desses.
O pior é que mais uma vez eu caí
e quem ler vai cair também. Você vai se apegar aos personagens, porque quem vai
te convencer que eles são apoio? Claro que não, eles são os principais, nós já
sabemos tudo sobre eles. O drama deles é tão forte quanto o da Maura e eles
aparecem tanto quanto.
O livro não fica gastando o tempo
dele te dando sustos. Pra que? Você já está vendo, já sabe que quando eles
entraram por aquela estrada, eles estavam perdidos. Porque você vai ler e se lembrar
da intro o tempo todo. E o mistério do tempo atual e da intro parece que não se
encaixa, você continua perseguindo, a aura de desgraça vai ficando mais pesada,
a morte já alcançou as páginas porque você passou do meio do livro e mesmo
assim, não fecha.
Sabe terror contido? Então, as
páginas vão passando e você sente, começa a ler tão rápido que certas coisas
acontecem e se você piscou ou gastou energia torcendo vai acabar perdendo um
detalhe e quando um personagem citar, vai te dar um estalo... Mas onde foi que
isso aconteceu?
É aí que entra a Rizzoli. Nossa,
finalmente! É isso mesmo, ela demora. Isso que eu não estava esperando e a cada
capítulo que acaba, cada vez mais sinistro, você espera e espera e a história
te leva cada vez mais longe. E nada da Rizzoli para te salvar.
É claro que ela vai estar com seu
faro de policial bem apurado, teimando, perseguindo e batendo o pé que está
errada. Ela sabe, por isso é tão boa.
Ela arriscou um olhar para ele. A
penumbra do carro escondia as rugas de preocupação em seu rosto, mas Maura pôde
ver o aumento de fios brancos no cabelo. Em um ano apenas, como envelhecemos,
pensou. O amor nos envelheceu.
– Quando eu voltar, vamos para
algum lugar quente juntos – sugeriu ela. – Só por um fim de semana. – ela deu
um sorriso displicente. – Pelo amor de Deus, vamos esquecer o mundo e viajar
por um mês.
Ele permaneceu em silencio.
– Ou isso é pedir demais? –
perguntou ela, em voz baixa.
Ele deu um suspiro de cansaço.
– Mesmo a gente querendo esquecer
o mundo, ele vai continuar aí. E temos que retornar para ele.
– Nós não temos que fazer nada.
O olhar que Daniel lançou para
ela foi infinitamente triste.
Vocês com certeza já passaram por
isso: Sabe quando um personagem importante some? Você sabe que algo o pegou,
uma desgraça aconteceu, mesmo assim continua esperando. E as páginas fluem e
ele continua sumido. As coisas só pioram e mais um vai atrás dele e você sabe que...
Pois é.
Bem, chegamos a parte em que as páginas estão acabando, a
essa altura você já vai saber coisa demais, já vai ter esperança de novo e o
ritmo vai estar alucinante. Eu sei, parece que só tem umas 20 páginas na sua
mão, parece que não vai fechar, mas isso é Tess Gerritsen, colega. TEM que
fechar.
O nome do livro não é Gélido à
toa. Sabe a tal aura? Fez frio aqui. (Acho que o último livro que li sentindo
isso foi “A Tormenta de Espadas” de George R. R. Martin. O sangue pingava do
livro! Jamais me recuperarei do RW).
Se o livro fosse maior, eu ia
reclamar que enrolou um pouco no meio. Mas repassando as páginas, eu não
consigo eliminar nenhuma ação. Como é um suspense que parece ter sido muito bem
medido, tudo tem um propósito. Conheço alguns leitores que não gostam tanto
assim da Maura, então talvez eles reclamem que passaram muito tempo com ela e
que a Rizzoli podia ter surgido antes. Eu gosto da Maura, estou muito
perturbada pelo drama dela, to até com pena dela, então eu gostei.
Eu estava já me aquecendo, saindo do clima Gélido quando... Elas precisavam ir? Sério? Eu quase soltei um "vou xingar muito no Twitter" se algo acontecer agora. Nas malditas últimas páginas do livro. Por que? Por que elas não sossegam o facho?!
E cara, eu sabia que o ricaço sinistrão ia
aparecer. Será que só eu estou torcendo para ele? Eu sinto uma empatia enorme
pelo romance da Maura com o Daniel. Já cansei de torcer para ele escolhe–la,
nesse livro nós vemos que ele a ama. Mas ele também ama sua profissão. E cara,
o Anthony tá lá, disponível e perigoso. Qual é?! Ela merece ser feliz!
E acho que fomos apresentados a
um personagem novo, hein! Espero muito vê–lo nos próximos livros. Tem tudo para
ser uma ótima adição. E revi uma personagem que jamais esperaria! Amei o desfecho.
Eu reclamo porque a Record está
demorando muito nos lançamentos. Mas a tradução é muito boa e eu adoro as capas
que são bem mais bonitas que as lançadas lá fora.
Sobre a série:
A série Rizzoli &
Isles até pode ser lida fora de ordem. Porque as tramas em geral são começadas
e iniciadas dentro de um livro (tirando “O Cirurgião” (1°) e “O dominador” (2°)
que um depende do outro pra fazer sentido). Mas as histórias pessoais dos
personagens não. Elas são contínuas. Ou seja, se a Rizzoli levou um tiro no 4°
livro, então no 5° livro ela vai estar se recuperando. E já teve casamento,
nascimento de filho, Maura mudando de namorado, personagem novo aparecendo no
4° livro e aí volta no 7° e se você não leu o 4°, vai entender o suspense, mas se perder nas pessoas. Leiam a série, não se arrependerão nem por um minuto.
Mas prepare–se. Os livros da Tess
te escravizam. Indico a todo amante de um bom livro. Não apenas aos apaixonados
por suspense, mas que também adoram uma história muito bem contada.
Rizzoli & Isles fez tanto sucesso que também foi adaptada para a TV. Infelizmente a série é muito diferente dos livros, tomaram uma liberdade absurda e os personagens principais estão irreconhecíveis. Não recomendo mesmo. Fico só nos livros.
Livros lançados no Brasil (saíram
na ordem correta):
O Cirurgião (Tem como começar uma
série melhor do que isso?)
O Dominador (O retorno da história do 1° livro e mais pesada,
acredite!)
O Pecador (Aqui eu estava pegando
ritmo da Tess, fui preparada e mesmo assim me ferrei)
Dublê de Corpos (É nesse que
encontram aquele corpo e os ratos? Ainda to chocada!!)
Desaparecidas (Sensacional, um
dos livros mais marcantes da minha estante! História muito forte!)
O Clube Mefisto (Gente, que livro
maligno! Sabe a aura? Esse é o pior! O medo da personagem é tão palpável que
você quase sai correndo em pânico junto com ela).
Relíquias (Sinistro demais. E um
dos mais interessantes para quem ama história antiga!)
Gélido (acabei de resenhar, o tal da aura gelada!)
Jabá:
O lugar mais barato é a
Siciliano/
Saraiva
por R$ 32,00. Pelo link já ta entrando pelo Buscapé que está dando 12% de
desconto. Não sei até quando vai durar a promoção, mas sai por R$ 28,16.
Em
Ebook está R$ 25. Ou seja,
MEGA caro. Um absurdo. Fujam dele e garantam a versão em papel só por mais um
troco.
Até a próxima!
Lucy.