E aí gente... Mais uma novidade incrível para vocês! Olha só o que a Alfaguara está trazendo para os seus leitores: uma nova edição de Feliz Ano Velho, livro de Marcelo Rubens Paiva! Eu sou suspeita quando o assunto é sobre esse livro, até porque ele teve uma influência enorme sobre a minha escolha na hora de cursar História, então, preparem-se para uma resenha emotiva sobre ele... A Alfaguara está trazendo também o livro "Ainda estou aqui", onde Marcelo conta um pouco sobre sua mãe, Eunice Paiva, uma mulher de fibra e coragem, que teve que criar sozinha seus cinco filhos, depois do desaparecimento do marido. Mais uma personalidade ímpar da nossa história!
Feliz ano velho
Marcelo Rubens Paiva
“Um livro emocionante sem ser
piegas, crítico e irônico sem ser inocuamente agressivo. E mostra que,
apesar de tudo, Marcelo não perdeu a paixão pela vida.
Paixão que lhe permite fazer boa literatura.” — Veja
“Marcelo, aos invasores, opõe sua juventude, sua mente sadia. Escreve. Luta. Politizado. Não se entrega, não odeia. Compreende.
Sacudiu a poeira, deu a volta por cima.” — Folha de S. Paulo
Sacudiu a poeira, deu a volta por cima.” — Folha de S. Paulo
“Desde que Françoise Sagan
cumprimentou suas inquietações adolescentes que um primeiro livro não
causava o impacto de Feliz Ano Velho”
— O Estado de S. Paulo
“Paiva revela seu pique e
agarra o leitor, prendendo-o numa leitura capaz de varar a madrugada, e
passa a ser cantado pelo público, com expectativas e cobraças de quero
mais.”
— Jornal da Tarde
“A tragédia e o humor, duas maneiras de ver o mundo em uma maravilhosa obra brasileira.”
— Lá Nácion
“Devemos aplaudir este jovem e talentoso escritor, que prova a capacidade de renovação da literatura latino-americana.”
— Die Zeit
Um
jovem paulista de classe media alta, muitas namoradas, estudante de
Engenharia Agrícola na Unicamp vê sua vida se transformar num pesadelo
em questão de segundos. Durante um passeio com um
grupo de amigos, Marcelo, de farra, resolve dar um mergulho no lago, em
estilo Tio Patinhas. Meio metro de profundidade. Uma vértebra quebrada.
O corpo não responde. Começa ali, naquele mergulho, a história de Feliz
Ano Velho, um relato verdadeiro do acidente
que deixou o escritor Marcelo Rubens Paiva tetraplégico, a poucos dias
do natal de 1979.
O
autor confere à narrativa a mesma energia e o mesmo fôlego com que
transpôs a armadilha do destino. Imóvel numa cama, Marcelo, o
personagem, dá asas às lembranças e à imaginação. Foram 12
meses de uma recuperação lenta e dolorosa: dias e noites intermináveis
numa UTI (a “antessala do céu ou do inferno”), o colete de ferro, a
descoberta de que teria como extensão do seu corpo uma cadeira de rodas,
os momentos em que chegou a pensar em suicídio.
Marcelo,
o narrador, se encarrega de colocar em palavras a relação de amor e
respeito à mãe, o carinho das irmãs, a camaradagem e o encorajamento da
turma, as festas e as fantasias sexuais.
O acidente no lago seria o segundo tranco na vida do garoto. O primeiro
foi aos 11 anos: o “desaparecimento” do pai — o ex-deputado federal
Rubens Paiva — pela ditadura militar. Um despertar violento da
consciência política.
Apesar
do tema trágico, o livro — que se tornou uma referência na literatura
brasileira contemporânea — explode de humor, ternura e erotismo. O texto
expressa a irreverência e a determinação
da juventude, mesmo na adversidade. E a compreensão precoce “de que o
futuro é uma quantidade infinita de incertezas”.
Ainda estou aqui
Marcelo Rubens Paiva
“Eu era uma das crianças mais
felizes do mundo. Porém, a cortina se abriu e começou o segundo ato do
espetáculo, que até então era uma farsa, mas se revelou uma tragédia.
Meu pai desapareceu em 1971, no mesmo ano em que morreu meu tio mais
velho, Carlos.
Meu avô morreu dois anos depois. De enfarto. De tristeza. Logo depois,
outro tio morreu num acidente de carro na estrada que ligava a fazenda a
São Paulo. Um terremoto abriu uma fenda. O sentido de tudo se
modificou. Perguntamos o que alimentou uma vingança
tão caprichada e cruel. O que fez os deuses da felicidade se voltarem
contra nós. Morreu uma prima, a mais animada, que não tinha nem dezoito
anos, de uma doença misteriosa. Depois outro primo, um menino lindo, num
acidente de moto em Santos. A tragédia dos
Paiva foi um contraste com a alegria das décadas anteriores. A família
ruiu: não tinha estrutura emocional para administrar tudo aquilo.”
Verão
de 1971. Eunice Paiva, recentemente liberada de um período de prisão e
interrogatório durante doze dias no DOI-Codi, no Rio de Janeiro, passa
alguns dias com amigos em Búzios. Segundo
Antonio Callado, respirava aliviada; o próprio ministro da Justiça
havia lhe garantido que seu marido, Rubens Beyrodt Paiva, “já tinha sido
interrogado, passava bem e dentro de uns dois dias estaria de volta a
sua casa”. Rubens Paiva, no entanto, capturado
em sua própria casa por homens da aeronáutica em 20 janeiro de 1971,
foi torturado, morto e seu corpo nunca mais foi encontrado. “A cara de
Eunice”, escreve Callado, “continuou molhada e salgada durante muito
tempo, tal como naquela manhã de Búzios. A água
é que não era mais do mar.”
Neste
livro, Marcelo Rubens Paiva faz um retrato emocionante da mãe Eunice e,
pela primeira vez, traça uma história dramática do que ocorreu — e do
que pode ter ocorrido — com Rubens Paiva.
“Meu pai, um dos homens mais simpáticos e risonhos que Callado
conheceu, morria por decreto, graças à Lei dos Desaparecidos, 25 anos
depois de ter morrido por tortura”, narra ele, neste livro magistral.
Eunice “ergueu o atestado de óbito para a imprensa, como
um troféu. Foi naquele momento que descobri: ali estava a verdadeira
heroína da família; sobre ela que nós, escritores, deveríamos escrever”.
Eunice
Paiva é uma mulher de muitas vidas. Mãe de cinco filhos, viu-se
obrigada a criá-los sozinhos quando, em janeiro de 1971, Rubens Paiva
foi preso por agentes da ditadura. Em meio à dor
e às incertezas, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se
advogada, defensora dos direitos indígenas, militante na luta pelos
direitos humanos. Criou os cinco filhos. Nunca chorou na frente das
câmeras. “Foi a minha mãe quem ditou o tom, ela quem nos
ensinou”, escreve Marcelo Rubens Paiva, nesse relato emocionante sobre
memória, perda e a volta por cima.
Ao
falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer,
ele fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num
momento negro da história recente brasileira para,
pela primeira vez, contar — e tentar entender — o que de fato ocorreu
com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.
Sobre o autor
Marcelo
Rubens Paiva nasceu em maio de 1959. É escritor, dramaturgo e
jornalista. Seu primeiro livro, Feliz ano velho, foi publicado em 1982. A
seguir, lançou, entre outros, os romances Blecaute
(1986), Não és tu, Brasil (1996), Malu de bicicleta (2004), A segunda
vez que te conheci (2008) e, mais recentemente, o infantil 1 drible, 2
dribles, 3 dribles: Manual do pequeno craque cidadão (2014) . É
colunista do jornal O Estado de S. Paulo e mora atualmente
em São Paulo, com a mulher e um filho.
são dois livros maravilhosos e que merecem um especial na estante! http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
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